Uma colectânea de crónicas de Miguel Esteves Cardoso que aborda todos os aspectos incluídos nisto que conhecemos como Ser Português: desde as manias e jeitos torcidos de encarar o próprio país, povo e cultura, passando por deliciosos apanhados da língua que nos une como pátria, MEC também apresenta neste livro um conjunto de textos cuja poesia na sua prosa nos desarma a cada frase. Como tudo o que é nacional é bom, há crónicas para todos os gostos. Numas não há maneira de não nos emocionarmos, noutras de nos rirmos e o mais importante de tudo, em todas elas nos revemos.
MEC sabe onde pica e como picar; E fá-lo com espantosa mestria. Somos um povo que se abate, que se eleva, que é mesquinho mas que sabe nutrir compaixão quando esta é pedida. Somos uma pluralidade de maneiras de ser e estar, todas elas diferentes e unas em si. Somos, assim mesmo, sujeito em plural. Talvez se nos questionado uma forma de nos definir, não o saibamos identificar do pé para a mão. Mas MEC consegue, porque todas as partes desta sua obra se reúnem numa maneira única de ver o País e o Povo que o vive. Temos dias, falhamos na maioria deles. E no entanto, é a melancolia da esperança que nos ilumina nas restantes alturas. Somos grandes mesmo nesta pequenez tão nossa. MEC reconhece-o sem pudores ou conveniências e, para quem se esquece desta verdade, tem as Explicações de Português para o relembrar. Que somos o que somos e não há maravilha maior que essa.
mais um livro do Murakami mas desta vez li a tradução portuguesa. à parte de um pequeno pormenor ("vodca com soda" - que me fez lembrar soda caústica; podendo ser traduzido por gasosa), a tradução está muito bem feita. a tradutora pensou nos leitores que não conhecem a realidade japonesa e colocou algumas notas de roda pé para nos elucidar. como o tradutor é tão importante quanto o autor, até porque "volta a escrever", era de bom tom, que o nome do tradutor aparecesse na capa e não escondido numas páginas, por isso Maria João Lourenço é a tradutora deste livro.
quanto ao mesmo, este retoma a história contada num anterior: a wild sheep chase ou em busca do carneiro selvagem, em português. a história leva-nos ao hotel golfinho onde o narrador viveu uma história que o faz voltar ao mesmo sitio cinco anos depois. o hotel pobre e sem condições dá lugar a um dos hóteis mais luxuosos da zona. existem recepcionistas simpáticas e bem vestidas à vista de toda a gente, e um homem carneiro que só aparece quando tudo dorme e que tudo sabe. a rapariga do walkman, esquecida no hotel pela mãe, é uma peça muito importante na história assim como o amigo actor, famoso, com muitos conhecimentos e um maserati.
do que li de Murakami, é muito seu hábito misturar o real com a fantasia (coisas inacreditáveis), e esta história não é excepção. são sempre livros dificeis de explicar. o melhor mesmo é ler e fazer parte deste mundo a cada página folheada.
para além de escrevermos uma pequena apreciação sobre os livros é igualmente importante referirmos quem nos deu a conhece-lo, quem nos quase o obrigou a comprar. no meu caso, se a firelfy mo mostrou, disse de quem era (licenciado na nossa faculdade, até do mesmo departamento), o autor fez o resto, ao ver uma entrevista em que com o seu ar descontraido e já com alguns brincos, conversou com duas aspirantes a jornalistas, na rtp2. alguém viu? o facto de ser bastante novo, aguça a vontade de saber o que esta juventude de escritores anda para aí a escrever. decidi comprar o livro e não me arrependi. do que fala, ou pelo menos qual a personagem principal, já muitos devem saber. e sim, os pianos entram na história, servindo de esconderismo para um adultério. ups, acho que já falei demais.
vamos por partes, a personagem principal ou pelo menos aquela que se sabe que existiu realmente. um atleta que faleceu durante a maratona olimpica de 1912. mas até chegarmos a esta parte, temos muito que ler, até porque é quase no final do livro.
uma familia é o enquadramento geral deste livro, e todos falam das suas vidas de hoje, de ontem e de um passado mais distante. deu para perceber? é que "o" Peixoto não se limitou a escrever um livro linear. achou por bem que devia confundir o leitor com as mudanças constantes de personagens que contam a história. se no inicio este foi um dos factores que mais confusão me fez, tendo que voltar a ler a página anterior, depois de estar habituada, foi o que mais me agradou, pela maneira que tudo ia sendo descrito por cada personagem à sua maneira e ao seu tempo. a familia Lázaro, apesar das mortes, desaparecimentos e reencontros é uma familia igual a tantas outras que podem ou não ter um cemitério de pianos onde muitos encontros se dão.
se mo quiserem pedir emprestado, entrem para a fila de espera. não sei quanto tempo podem ter que esperar, pois é a firelfy que o tem. sim, comprei o livro, li-o e ainda lho emprestei lol.
se quiserem saber um pouco mais, visitem.
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