Dificuldade: o que dizer primeiro sobre este livro? Talvez falar do autor. É Leonard Cohen, nome sonante do panorama musical. Artista das palavras, dono de uma sensibilidade sem precedentes. Já conta com uma lista incontável de álbuns e a sua figura como escritor não passou ao lado dos mais atentos. Nas suas obras, sejam prosa ou verso, confirma-se o que as músicas já mostravam: temos Génio. Assim mesmo, com G grande.
Em The Favorite Game, Cohen usa as suas raízes judias e faz de Breavman, a personagem principal da história, um alter-ego assumido. Na sua vida, as mulheres carregam papéis de destaque e são figuras de alta influência; não que isso as torne importantes mas deixam definitivamente a sua marca.
Tudo começa com a sua amiga de infância, Lisa. Brincavam muito juntos, jogos só deles. Diz-lhe a memória que o seu primeiro beijo foi com Ela. Pouco depois os seus caminhos correram para direcções opostas e Breavman passa o resto da sua vida à procura do fio condutor capaz de o devolver a esse tempo de brincadeiras, corpos de crianças escondidos debaixo da cama e segredos no escuro. Não é tanto regressar a Ela mas ao Ele que ficou perdido enquanto crescia.
Com cada mulher que encontra, um pedaço de si fica a descoberto. Com cada mulher que deixa, dá mais um passo em frente. Com cada mulher ,quer ser tudo para elas mas ainda ser muito mais para si, reencontrar o maldito fio vermelho que o mantém ligado ao seu centro.
Pelo caminho deixa a familia, os amigos e as amantes. A sua vida só a ele pertence. Mas no final acaba por se lembrar qual era a brincadeira preferida de Lisa e daí retirar uma bonita metáfora para a vida e as marcas que nela deixamos.
The Favorite Game acaba por ser uma aprendizagem constante sobre o que é ter uma Identidade. E já que tem de se aprender, ao menos que nos divertamos com isso.
(Mas não vos vou dizer qual era a brincadeira, fica um segredo entre as páginas para quem depois quiser saber :P)