Há livros dos quais não devia falar-se. Deviam, isso sim, ser colocados na frente das pessoas para serem lidos. Deviam, sem mais palavras, pousar-se nas mãos de quem os quisesse abrir e viver neles. Este é precisamente um desses livros. Tem o peso do que sabemos ser verdade. Tem a marca de ferro, de fogo e de sal da realidade... Talvez por isso seja tão fácil amar estas páginas. E as pessoas, feitas do que também conhecemos, que estão por detrás delas. Este livro é a prova de que os milagres existem e até podem construir-se. Para nós e para aqueles que nos aparecem pelo caminho. Neste livro aprendemos que a história maravilhosa e mágica do Principezinho pode ser a nossa história num qualquer dia da nossa vida. Pode ser a história daqueles a quem mudamos a vida. E que mudam a nossa. A história desse tanto que fica mesmo quando tudo acaba e se afastam de nós os rumos daqueles que talvez nunca nos tivessem pertencido.
[in Prólogo, página 9]
Vivi sempre em busca de respostas ao enigma destas crianças, das chaves mágicas que, finalmente, as abrissem ao meu entendimento. Contudo, no íntimo, sei há muito que não existem chaves e que, para algumas crianças, nem mesmo o amor alguma vez bastará. Só que a fé na alma humana escapa à razão e desafia as frágeis certezas do nosso conhecimento.
[...]
Este livro conta a história de uma só dessas crianças. Não foi escrito para despertar piedade. Nem para elogiar o trabalho de uma professora. Nem tão pouco deprimir aqueles que encontraram a paz na ignorância. [...] É um cântico à alma humana, porque esta menina é como todas as minhas outras crianças. Como todos nós. É uma sobrevivente.
. A Criança que Não Queria ...