Quinta-feira, 23 de Agosto de 2007
Há quem diga "José Saramago? Isso é para exibicionistas, gentinha que anda por aí e lê o dito cujo só para dizer ah e tal eu leio um prémio Nobel, e você?" Mas a verdade é que já li há coisa de dois anos atrás o seu livrinho "O Homem Duplicado" (como talvez algumas meninas aqui desta cantinho, porque foi nossa leitura obrigatória), e vou ainda agora a meio da "História do Cerco de Lisboa", tendo ali a "Jangada de Pedra" na estante, à minha espera. Ora o intuito deste post é justamente afirmar que eu, não sendo nada exibicionista no que diz respeito aos livros (que o resto não é para aqui chamado), digo que gosto muito da escrita do tal senhor do prémio Nobel. Pronto, disse. Crucifiquem-me, vá! Gosto da escrita complexa que à tantas me faz voltar a atrás, porque já não sei bem quem está a dizer o quê, que tem as suas divagações (tal como nós próprios as temos, e por vezes até mesmo (ou especialmente) quando lemos), o que é muito bom. E isto porquê? Justamente porque essas divagações podem servir de suporte à própria divagação do leitor. Imaginemos que ao ler, o leitor pensa que gostaria de ler mais umas linhas sobre o tal tema que o senhor do prémio Nobel mencionou agora. E qual não é o seu espanto quando o narrador se afasta completamente da sua narrativa e por ali divaga sobre literatura ou filosofia ou até mesmo ditados populares. Contudo, não nego ser uma escrita algo diferente. Não só a sua pontuação, como a própria organização estrutural, mas por isso mesmo me prende a cada página e por isso mesmo talvez "afaste" tantas pessoas das suas obras. O senhor do prémio Nobel (já lá vão dois livros e sei que é uma generalização barata) parece gostar de colocar os seus personagens a fazer coisas estranhas, sem percebermos muito bem porquê. As razões e finalidades estão na cabeça da personagem e temos acesso a elas por um narrador que comunica constantemente connosco, leitores, chamando a nossa atenção para um ou outro ponto. E eu também gosto desse jogo do desconhecido, do porquê fazer isto ou aquilo, ou do porquê jogar sempre pelas regras. Digo ainda mais uma coisa (aproveitando a onda deste ser o meu primeiro post decente), com um livro do senhor já lido, outro a meio e outro ali por ler, estou de facto curiosa com o resto da sua obra, e quem sabe um dia (daqui a dois anos, para os que percebem o porquê deste espaço de tempo), não passarei ai por uma livraria e diga assim "Olhe, se faz favor, era um Saramago".
Quarta-feira, 1 de Agosto de 2007
um livro que tal como o titulo indica, exerceu uma possessão sobre mim, andou comigo quase 2 meses.
tomei conhecimento do livro através do filme (que nem sabia que existia) e fiquei com o bichinho. um filme que conta nas personagens principais com Gwyneth Paltrow e Aaron Eckhart. podem ver mais sobre o filme aqui.
posso dizer que um romance secundário leva a um romance principal. um investigador que descobre que existiu um romance entre dois escritores muito conhecidos (sendo um deles o seu objecto de estudo) mas dos quais nem existia qualquer referência de que se teriam conhecido. uma pequena parte de uma carta leva o investigador a desconfiar e a pedir ajuda a outra entendida na autora interveniente no romance. juntos descobrem que existiu uma história de amor entre ambos os escritores mas que fora um amor proibido. este amor enterrado leva ao surgimento de um novo amor que embora com alguns percalços acaba por ser vivido e aproveitado.
confesso que é um livro que embora comece muito naturalmente, sem indicar qualquer problema de leitura, se torna um pouco maçudo. partes que poderiam demorar meia dúzia de páginas, alongam-se muito mais. e quanto ao final..não posso dizer que foi do meu total acordo. se no inicio da história estava a adorar, o sentimento foi-se desvanecendo aos poucos embora intercalando-se com momentos mais aliciantes e frases que saltam à vista e que merecem ser apontadas.
"you are a true poet - ... - you express your ideas in metaphor."
"outside our small place flies mystery."
"if it nothing to you, it is much to me."