Sexta-feira, 7 de Dezembro de 2007
Depois de ter lido On Beauty, Zadie Smith tornou-se uma escritora de eleição para mim. E só agora, salvo seja, é que pude ler a sua obra de estreia: White Teeth.Tal como em On Beauty, a escritora revela-nos o lado interior dos elementos de duas famílias, vindas de backgrounds muito diferentes. Em White Teeth, os patriarcas das famílias retratadas são amigos de longa data, e que apesar de serem de países e culturas claramente distintos, lutam lado a lado no cénario de guerra onde a amizade terá gerado as raízes que os mantém unidos durante o resto das suas vidas.A obra avança no passado e no futuro, conforme os dados são fornecidos pela narrativa, numa tentativa de fazer o leitor descortinar e perceber o que fez cada uma das personagens serem como são. Todas elas perturbadas pelo síndrome criado pelo Império Britânico, onde tanto se sente que se pertence a todo lado e a lado nenhum. Julga-se estar em casa mas em tempos de crise não se sabe apontar na mapa onde essa casa se encontra. Seja a Jamaica, o Bangladesh ou a Nação-Mãe, todos os lugares podem parecer estranhos e familiares em simultâneo. E descobre-se ser em cada um de nós e nos outros que a noção de lar se materializa.Uma luta por uma entidade, trabalhada ao longo de incansáveis gerações, em que todos os ramos de uma árvore geneológica crescida através dos tempos, dos mares e dos continentes, se agarram ao que for preciso para levar a sua semente a um porto mais seguro.Uma obra com diálogos de uma naturalidade inquestionável e descrições com um pormenor impressionante. Por vezes parecia até ser demasiado para interiorizar de uma só vez. Mas sem dúvida uma leitura mais do que aconselhada.
Sexta-feira, 11 de Maio de 2007
O que dizer de
Zadie Smith e do seu livro
On Beauty?
Para começar, fala de amor. Do que a vida quotidiana e as rivalidades podem trazer para as relações. Fala de traição e segundas oportunidades. Fala de política, literatura, pintura, vida académica, vida entre as quatro paredes do que ser uma família implica. Sim, fala principalmente de família e sacríficios feitos em nome dela.
Zadie Smith leva-nos pelos corredores de duas famílias cujos patriarcas nutrem nada menos do que um venenoso ódio de muitos anos. Apesar da distância que ambos pretendem manter entre os seus respectivos ninhos, a aproximação parece acontecer inevitavelmente. As mulheres tornam-se amigas. Os filhos envolvem-se. E de um momento para outro, as regras do jogo alteram-se e uma ligação para lá dos sentimentos destilados ganha forma. Duas famílias numa só. Segredos a contra-luz.
On Beauty fala da beleza, realmente. Da beleza das relações e das prestações individuais depositadas em cada uma delas, independentemente do tipo de relação que forem. Da beleza que existe até no sofrimento e em todas as coisas feias. Fala de não desistir. Em manter o ódio, em manter o amor, em manter a amizade. Em nos mantermos firmes. Mesmo quando tudo se desmorona aos nossos pés. Uma lição sobre a beleza existente no acto de (sobre)viver. Pois é por a vida continuar que continuamos com ela. Para além disso, está belíssimamente bem escrito ;)
Deixo aqui, para finalizar, o poema escrito por Nick Laird (marido de Zadie) que oferece conteúdo ao título e que está, incluído na obra:
On BeautyNo, we could not itemize the listof sins they can't forgive us.The beautiful don't lack the wound.It is always beginning to snow.Of sins they can't forgive usspeech is beautifully useless.It is always beginning to snow.The beautiful know this.Speech is beautifully useless.They are the damned.The beautiful know this.They stand around unnatural as statuary.They are damnedand so their sadness is perfect,delicate as an egg placed in your palm.Hard, it is decorated with their faceand so their sadness is perfect.The beautiful don't lack the wound.Hard, it is decorated with their face.No, we could not itemize the list.
Nick Laird ~ To a Fault
Quarta-feira, 25 de Abril de 2007
« (...) the explosion had happened - but no one had died. It was just walking wounded as far as the eye could see. No packed bags, no final door slams, no relocation to different colleges, different towns. They were all going to stay put and suffer. It would be played out very slowly over years. The thought was debilitating. Everybody knew about it. Howard expected that the shorthand, water-cooler version, currently circulating the college would be 'Warren's forgiven her' said with pity mixed with a little contempt - as if that covered it, the feeling. People said 'She's forgiven him' about Kiki, and only now was Howard learning of the levels of purgatory forgiveness involves. »
Quinta-feira, 19 de Abril de 2007
« '(...) Men move with their minds, and women must move with their bodies, whether we like it or not. That's how God intended it - I have always felt that so strongly. When you're a larger lady, though, I expect that becomes a little more hard.'
'No, I'm cool, I'm fine - there,' said Kiki, good-humouredly, upright now, and shimmying her hips a little. 'Actually, I'm pretty flexible. Yoga. And, to be honest, I guess I feel men and women use their minds about equally.' She brushed the wood dust off her palms.
' Oh, I don't. No, I don't. Everything I do I do with my body. Even my soul is made up of raw meat, flesh. Truth is in a face, as much as it is anywhere. We women know that faces are full of meaning, I think. Men have the gift of pretending that's not true. And this is where their power comes from. (...)' »